Ambiente de apoio à mediação da aprendizagem: Uma abordagem orientada por processos e projetos
Silvana Rossy de Brito1,
Orivaldo de Lira Tavares2,
Crediné Silva de Menezes
1.
Introdução
Nos últimos anos, é freqüente a
utilização de técnicas de IA no projeto e construção de ambientes de
aprendizagem cooperativa informatizados, devido às potencialidades que
incorporam em tais ambientes. Entretanto, observa-se ainda uma grande
quantidade de problemas não resolvidos e promessas a serem cumpridas com
respeito a tais ambientes. Características como o auxílio personalizado, o
suporte à cooperação e o suporte às atividades docentes para permitir um grande
volume de aprendizes mostram que os ambientes disponíveis, atualmente, ainda
sofrem de limitações, que envolvem tanto aspectos tecnológicos quanto
pedagógicos. Apesar disso, a cada tempo,
os ambientes são melhorados com novas tecnologias que suportam as teorias
educacionais e pedagógicas adotadas.
O suporte à cooperação é um dos
problemas que vêm sendo atacados com o surgimento de novas tecnologias. A
cooperação e a colaboração entre pessoas geograficamente distantes, hoje
considerada uma característica essencial nesses ambientes, vem sendo facilitada
com apoio de novas tecnologias, tais como as redes de computadores, a exemplo
da Internet. Essas facilidades aumentam as vantagens obtidas com o uso de tais
ambientes, como o reuso de conhecimento, o compartilhamento de informações e a
cooperação, além de possibilitarem a integração entre pessoas com diferentes
interesses e níveis de conhecimento.
São vários os problemas
encontrados em ambientes de suporte à aprendizagem a distância, tanto pelos
professores quanto pelos alunos. No contexto do professor, ainda são relatadas experiências onde a
sobrecarga de trabalho com o acompanhamento dos alunos é substancialmente maior
do que no ensino presencial. Este fato deve-se tanto ao modelo pedagógico
adotado, quanto à necessidade de ferramentas que apoiem o professor nas suas
atividades de acompanhamento. Do ponto de vista dos alunos, maior flexibilidade e adaptatividade são
necessárias, nos ambientes de aprendizagem cooperativa, para que o modelo
pedagógico adotado possa ser adequado ao modelo do aluno. Tais características
são extraídas de um modelo do aluno que deve ser multidisciplinar, envolvendo a
psicologia, a pedagogia e o suporte tecnológico adequado.
O objetivo deste trabalho é
especificar os requisitos de um sistema de apoio às atividades desempenhadas
pelos mediadores, em cursos suportados pelos recursos da Internet, permitindo
que o mediador estruture o acompanhamento dos aprendizes e o execute mais
facilmente. O sistema especificado é flexível e adaptável às características do
mediador e do aprendiz.
Este artigo constitui-se de 7
seções distribuídas da seguinte forma: a seção 2 discute o processo de
aprendizagem em cursos a distância orientados a projetos; a seção 3 apresenta
as atividades do mediador no processo de aprendizagem cooperativa; a seção 4
define uma taxionomia para os principais problemas dos ambientes de
aprendizagem cooperativa; a seção 5 especifica os requisitos de um ambiente de
aprendizagem cooperativa; a seção 6 apresenta as considerações finais e a seção
7 as referências bibliográficas.
2.
Processo de aprendizagem em cursos a distância
orientados a projetos
A pedagogia de projetos está de
acordo com as idéias de Papert, criador do Construcionismo, que afirma que um aprendiz constrói seu
conhecimento mais facilmente, quando está engajado na construção de alguma
coisa externa ou, pelo menos, em algo que ele possa dividir com outros. Isso
leva ao modelo de um ciclo de internalização do que está fora e externalização
do que está dentro [Bruckman, 1997].
Em um curso orientado a projeto,
os alunos são divididos em grupos e cada uma dessas equipes desenvolve um
projeto sobre um tema de seu interesse. Não há professores, e, ao invés disso,
cada equipe tem um mediador.
Um ambiente para cursos a
distância orientados a projeto deve permitir o acesso às ferramentas
necessárias para o desenvolvimento de seu trabalho. Além disso, é preciso
prover suporte à comunicação entre os participantes do grupo e entre eles e o
mediador.
No contexto da educação orientada
a projetos, as ferramentas de suporte ao processo de aprendizagem a distância
devem prever um meio de comunicação multidirecional eficiente entre seus
participantes (professores, alunos e colaboradores), de forma a substituir a
interação pessoal entre eles por uma ação sistemática e conjunta de diversos
recursos didáticos, proporcionando um aprendizado independente e flexível aos
estudantes. Ao contrário de uma sala de aula, não é necessário que todos os
alunos estejam realizando as mesmas tarefas, ou em um mesmo ponto em relação ao
conteúdo e objetivos do curso. Dessa maneira, seria inadequado insistir na
prática de longas aulas de exposição de temas e na hierarquia de papéis de
professores e alunos.
Segundo a abordagem
construtivista, a aprendizagem é um processo de invenção em que o aprendiz é o
agente responsável que, ao invés de adquirir uma teoria do mundo, busca
construir sua própria teoria. Nesse contexto, identifica-se um conjunto de
etapas que constituem o processo de aprendizagem [Menezes, 1999], descritas a
seguir:
1) Identificação do problema: os alunos identificam o
problema a ser solucionado, ou seja, o conceito ou objeto que se deseja
conhecer;
2) Observação ou Mineração: os alunos observam e buscam
informações necessárias para a modelagem do problema identificado;
3) Coleta de Dados: dentre as informações obtidas
na mineração, os alunos extraem dados importantes;
4) Análise: os alunos desenvolvem
comparações e avaliações com os dados levantados, a partir de questionamentos e
simulações apropriados, para chegar a conclusões a respeito deles;
5) Síntese: os alunos tiram conclusões
sobre o trabalho, extraindo dele o que há de útil para sua aprendizagem,
culminando com a identificação de regras e procedimentos;
6) Formalização: os alunos apresentam o
resultado da síntese, utilizando linguagens apropriadas ao entendimento de
outros (colegas e professores), ou seja, expõem os modelos mentais construídos
na síntese;
7) Validação: os alunos validam os resultados
do trabalho. Essa tarefa pode ser realizada pelo professor ou pela confrontação
das sínteses a novos dados.
Assim como no método científico,
os aprendizes deverão analisar variáveis, formular hipóteses e questões sobre
um determinado fenômeno, e realizar uma série de operações cognitivas, tais
como: observar, classificar, medir, procurar padrões, inferir e experimentar
[Sherman, 1994].
3.
Atividades do mediador no processo de aprendizagem cooperativa
Segundo Draves [Draves, 2000], a
maior utilidade de um ambiente de aprendizagem cooperativa não é o seu aparato
tecnológico, e sim o papel de facilitar as interações entre alunos e
professores, e entre os alunos. Estabelecer recursos para que o ambiente
melhore o grau de interatividade e envolvimento de seus participantes parece o
caminho para aumentar a produtividade dos ambientes de ensino-aprendizagem e promover
o crescimento de comunidades de construção de conhecimento [Resnick, 1996].
Nesse contexto, o professor deixa
de assumir um papel centralizador, muitas vezes adotado em salas de aula, nos
modelos de educação convencionais, e passa a exercer as funções de motivador,
de mediador e colaborador. O aluno, por sua vez, participará mais ativamente da
construção do próprio conhecimento, podendo assumir também os papéis de leitor,
autor e colaborador, durante as tarefas [Costa, 1996].
Ao
criar um novo curso, o professor deve definir:
-
Um
conjunto de tarefas a serem realizadas, que podem ser, por exemplo, as etapas
do processo descritas na seção anterior;
-
a
estratégia de execução das tarefas;
-
os
métodos e as técnicas que serão usados no desenvolvimento de cada tarefa;
-
as
ferramentas que vão automatizar a aplicação dos métodos e técnicas.
Para definir a estratégia de
execução das tarefas, o professor deve levar em conta o tema, o tipo de público
e os recursos disponíveis para o curso. O curso, então, poderia ser estruturado
de diversas maneiras, como os exemplos mostrados na figura 1.
Figura 1: Algumas
formas de estruturação das etapas do processo de aprendizagem.
O professor tem a liberdade de
decidir qual a melhor estratégia para conduzir os alunos durante a
aprendizagem, podendo, por exemplo, realizar uma ou mais fases de análise e síntese,
antes de partir para a fase de formalização, ou adotar modelos cíclicos, em que
após a fase de validação, o processo volta à fase de identificação do problema,
permitindo que o aprendiz vá amadurecendo seus conceitos a cada iteração do
ciclo.
Após a especificação das etapas,
fica mais fácil identificar as ferramentas computacionais que podem ser úteis
em cada uma delas. O ambiente que dará suporte à construção do curso (sistema de autoria) deve permitir a
especificação e o acompanhamento desse processo. Além disso, esse ambiente deve
disponibilizar as ferramentas necessárias para o desenvolvimento de cada etapa
do processo.
As duas próximas seções
apresentam as principais dificuldades e os requisitos de um ambiente de
aprendizagem cooperativa, levantados a partir de entrevistas junto a mediadores
e participantes de um Curso de Especialização em Informática Educativa do
PROINFO [Menezes, 1999-2]. Nesse curso foi usado o ambiente AmCorA [Menezes,
1999] e a orientação a projetos.
4. Taxionomia dos problemas em ambientes de
aprendizagem cooperativa
Nesta seção discute-se as
principais necessidades dos mediadores de cursos baseados em projetos.
Cada
mediador tem suas formas de avaliação e acompanhamento dos projetos
desenvolvidos pelo grupo que orienta. Essas formas de avaliação e
acompanhamento podem ser vistas como estratégias de acompanhamento. No contexto
da orientação à projetos, essas estratégias de acompanhamento devem servir para
identificar falhas no processo, além de motivar o componente do grupo (ou o
próprio grupo) para desenvolver as atividades planejadas. O foco é acompanhar
as participações para promover a integração do aprendiz no processo de
aprendizagem. No decorrer desse processo, algumas das dificuldades relatadas
durante o acompanhamento dos projetos, por mediadores de cursos a distância
online orientados por projetos, permitiram a definição de uma taxionomia para
esses problemas, conforme descrevem as quatro subseções a seguir.
4.1. Acompanhamento dos participantes
Esta subseção trata das
necessidades do mediador em acompanhar as atividades desenvolvidas pelos
participantes por falta de ferramentas de suporte ao acompanhamento ou que
supram as informações necessárias. As principais necessidades levantadas foram:
-
São
critérios de avaliação dos participantes de projetos no ambiente: participação
nos debates assíncronos, síncronos e no desenvolvimento de projetos. Outros
critérios podem ser estabelecidos, desde que a informação esteja disponível
para o mediador;
-
Quando
o mediador avalia a participação do grupo abaixo do esperado, procura enviar
mensagens de motivação e de alertas para a necessidade de manter o andamento do
trabalho (esse parâmetro é estabelecido pelo próprio mediador);
-
As
participações no ambiente podem ser de caráter formal, informal, ou ambos
(formal e informal);
-
As
participações no ambiente podem ser de diferentes tipos e apenas as
estatísticas fornecidas pelo ambiente podem não ser suficientes para a
avaliação do grupo/membro do grupo. Exemplos são o caso de alunos que
participam apenas com respostas, não elaborando perguntas;
-
O
mediador necessita consultar o ambiente freqüentemente para obter informações
sobre o andamento dos trabalhos, podendo, inclusive, perder informações caso
deixe de acessar por certo tempo. O ambiente não mantém histórico das
participações na elaboração de projetos (quem fez, quem postou, quem aprovou,
quem discordou, etc.);
-
O
mediador necessita conhecer qual o tipo de participação de cada membro do grupo
na elaboração dos projetos (alguns alunos apenas criticam, outros constroem, outros apenas
opinam/lêem, etc.);
-
O
mediador necessita conhecer as opiniões e o histórico de opiniões sobre o
andamento do projeto, ou versões do mesmo;
-
O
mediador necessita saber, para cada parte de trabalho publicado, se o aluno (ou
grupo) conhece o objetivo do trabalho publicado e qual o formato utilizado
(Excel, Word, etc.);
-
O
mediador não possui mecanismos de simular os resultados das participações, caso
o seu critério de avaliação e acompanhamento do projeto seja alterado. Exemplos
seriam os casos de um professor desejar utilizar a estratégia de acompanhamento
de outro professor;
-
Um
mediador pode desejar utilizar uma estratégia de acompanhamento diferenciada para
um certo aluno, conforme as características do mesmo;
-
Um
mediador pode desejar utilizar uma estratégia de acompanhamento diferenciada
para diferentes grupos, conforme as características do mesmo.
4.2. Sobrecarga do mediador
Esta subseção trata das situações
em que o mediador fica sobrecarregado, não conseguindo desempenhar
adequadamente o seu papel. As principais necessidades levantadas são:
-
Possível
ocorrência de grande número de grupos a serem orientados por um mediador;
-
Acessar
o ambiente constantemente apenas para verificar se existem novas mensagens ou
se o projeto sofreu alterações demanda tempo e sobrecarrega o mediador;
-
O
volume de mensagens no ambiente pode ser muito elevado e o mediador encontrar
diversas dificuldades de avaliar e responder as participações;
-
Muitas
mensagens postadas no ambiente são de caráter informal, muitas vezes tomando o
tempo do mediador, que, ao lê-las, percebe que não necessitam de sua
intervenção e que pouco contribuem para
o andamento do projeto;
-
O
mediador necessita consultar a agenda com freqüência para obter informações
sobre atrasos nos projetos. Essa tarefa pode se tornar extremamente mecânica,
sobrecarregando o mediador.
4.3.
Agendamento
As principais necessidades
levantadas relativas ao agendamento de compromissos são:
-
O
mediador pode estar sendo convocado para mais de um encontro síncrono em um
dado instante.
-
O
mediador tem dificuldades de saber se todos os membros do grupo tomaram
conhecimento da alteração da agenda do grupo.
-
Falta
de mecanismos que tratem a questão do quorum mínimo para os encontros síncronos
(apontados como importantes para motivação dos participantes do curso), além de
condições favoráveis à realização desses encontros.
4.4. Comunicação
Deficiências na comunicação entre
mediadores, colaboradores e aprendizes. Também inclui a falta de melhor
comunicação do ambiente com o mediador, mostrando estatísticas prévias, a
existência de mensagens urgentes, etc. As necessidades levantadas são:
-
O
mediador tem dificuldades de receber a confirmação de recebimento de mensagens
pelos membros do grupo;
-
Para
saber se existem novas mensagens no fórum, o professor necessita acessar o
ambiente;
-
Algumas
mensagens, postadas no ambiente, necessitam ser lidas com urgência e o mediador
apenas as verá quando acessar o ambiente (se sua rotina não for a de ler
constantemente as mensagens, essas mensagens não serão priorizadas). Exemplos
dessas mensagens são: mensagens do coordenador e de membros de grupo. Portanto,
cada professor poderia definir uma estratégia própria de acesso;
-
Cada
docente poderá agir em momentos diferentes com diferentes papéis. No ambiente,
os mediadores estarão acompanhando e orientando a condução dos trabalhos.
Durante todo o processo os observadores estarão acompanhando e assessorando os
mediadores, através de um fórum virtual.
O mediador necessita consultar freqüentemente tal fórum para obter as
sugestões dos observadores;
-
O
professor não sabe o volume de mensagens recebidas (síncronas e assíncronas)
que aguardam sua posição, ou seja, a ambiente não fornece estatística prévia
sobre as mensagens recebidas. Necessita, freqüentemente, visitar o ambiente
para tomar conhecimento dessa informação;
-
Alguns
mediadores gostariam de somente entrar no ambiente quando o volume de mensagens
atingir um percentual X ou quando parte de um projeto for postado no ambiente;
-
O
mediador não tem acesso fácil a opinião dos alunos sobre os projetos ou parte
dos projetos postados;
-
Alguns
grupos, em acerto com o mediador, podem requerer que o mediador consulte e
avalie versões do trabalho. Tais avisos podem se tornar cansativos para os
alunos e para o mediador;
-
O
mediador não possui acesso fácil ao consenso dos alunos sobre determinada parte
do projeto. Os alunos, por sua vez, não possuem um mecanismo de consenso
(aprovação) para as versões/partes do trabalho publicado.
5.
Requisitos de um ambiente de aprendizagem cooperativa
Pode-se especificar os requisitos
dos ambientes de aprendizagem cooperativa que tratem os problemas encontrados
no acompanhamento de projetos, conforme mostram as classes de requisitos
definidas nas cinco subseções a seguir.
5.1. Potencial
de orientação
Esta
categoria visa a otimização do potencial do mediador, respeitando um limite de
quantidade de projetos que podem ser mediador por alguém. Entre esses
requisitos estão:
-
Cada professor deve poder orientar e acompanhar
diferentes projetos;
-
O ambiente de aprendizagem cooperativa deve dispor de
ferramentas que permitam o aproveitamento máximo do potencial do mediador,
reduzindo a sobrecarga desnecessária de trabalho do mediador.
5.2. Estratégia
de acompanhamento
O mediador
deve poder definir estratégias de acompanhamento do grupo e do aprendiz,
considerando as particularidades de cada um. Entre os requisitos associados a
esta categoria, estão:
-
Permitir ao mediador definir sua forma de avaliação e
acompanhamento para cada um dos projetos desenvolvidos pelos grupos que
orienta;
-
Para cada grupo ou projeto orientado, o mediador deve
poder definir diferentes estratégias de acompanhamento;
-
Uma vez definida uma estratégia de acompanhamento para
um projeto, o ambiente deve auxiliar o professor na definição de outras
estratégias, uma vez que já conhece suas preferências para acompanhar projetos;
-
Permitir o uso de estratégias "default".
O mediador deve poder particularizar uma estratégia para um dado componente do
grupo; Alguns aspectos da estratégia de acompanhamento podem estar visíveis ou
não para os participantes, dependendo de decisão do mediador;
-
Possibilitar que o mediador utilize mecanismos de
simulação para mudar a estratégia e ver o que acontece com o cenário das
participações;
-
Estratégias podem ser modificadas durante o
desenvolvimento de um projeto.
5.3.Facilidades
de acompanhamento
Devem
haver ferramentas de acompanhamento para
facilitar o trabalho do mediador. Entre os requisitos associados a esta
categoria, estão:
-
Permitir ao mediador
estabelecer critérios de avaliação conforme as informações obtidas pelo
ambiente e que possa estabelecer ações para cada um dos critérios. Essas ações
podem ser notificações, etc. Exemplo: Quando o professor avaliar a participação
do grupo abaixo do esperado, enviar mensagens automáticas de motivação e de
alertas;
-
Permitir ao mediador ser informado quando o projeto
sofrer alterações (mais um critério estabelecido pelo professor). Ele pode, por
exemplo, somente ser informado se todos os membros do grupo já aprovaram a
versão postada;
-
Permitir ao mediador obter estatísticas que indiquem a
média de participações de cada membro do grupo e do grupo de um modo geral
(comparativamente). Dependendo dos valores obtidos, o ambiente pode tomar a
ação de motivar e alertar o grupo através de mensagens automáticas definidas previamente
pelo mediador. As participações podem
ser na forma de dúvidas, respostas, parte do trabalho desenvolvida, opiniões
sobre o trabalho, etc;
-
Permitir ao mediador analisar o tipo de participação
entre os aprendizes e possa definir ações para essa participação. Exemplos:
“Caso o aluno não poste nenhuma pergunta em X tempo, enviar mensagem Y.”;
-
Permitir ao mediador ser informado sobre o andamento dos
trabalhos, mantendo histórico dessa informação;
-
Possibilitar ao mediador ter acesso fácil à opinião dos
alunos sobre os projetos ou parte dos projetos postados, bem como sobre os
consensos estabelecidos pelo grupo;
-
Automatizar as notificações esperadas (tanto por parte
dos alunos, quanto por parte do professor).
5.4.Facilidades
de comunicação
São necessárias
facilidades de comunicação do ambiente com o mediador e do mediador com os
participantes (aprendizes), tais como, avisos sobre mensagens que mediador
receba, de mensagens urgentes, quantidade de mensagens recebidas, confirmação
de entrega de mensagens, consenso entre os participantes de um grupo, etc. Os
principais requisitos associados as facilidades de comunicação são:
-
Fornecer mecanismos para o mediador saber se todos os
membros do grupo receberam suas mensagens;
-
Permitir ao mediador receber notificações sobre o
recebimento de mensagens, sem que necessite acessar o ambiente. O professor
pode, também, ser informado somente se o nível de mensagens para ele atingir o
ponto X, estabelecido por ele, ou se a mensagem tem caráter de urgência, ou se
são provenientes do coordenador do ambiente, ou de observadores;
-
Fornecer mecanismos para que o mediador identifique se
as mensagens postadas são de caráter formal ou informal, veja estatística
prévia sobre as mensagens, e possa estabelecer ações para as suas observações.
5.5.Facilidades
de agendamento
São
necessários mecanismos para o agendamento e registro de reuniões, considerando
um quorum mínimo e participantes obrigatórios, bem como, o aviso sobre as
reuniões agendadas. Os requisitos associados às facilidades de agendamento são:
-
Agendar reuniões síncronas levando em consideração as
disponibilidades de cada participante e, principalmente, dos participantes
obrigatórios, quando for o caso;
-
Fornecer mecanismos para o mediador saber se todos os membros
do grupo tomaram conhecimento na alteração da agenda do grupo;
-
Fornecer mecanismos para tratar a questão de quorum
mínimo para os encontros síncronos, conforme os critérios estabelecidos pelo
mediador;
-
Fornecer mecanismos para evitar que um mediador seja
convocado para mais de um encontro
síncrono em um dado instante (no caso de orientar mais de um grupo);
-
Permitir ao mediador definir ações para os atrasos nas
agendas ou sobre a aproximação de datas importantes.
6. Considerações finais
Este
artigo apresentou a especificação de vários requisitos que os ambientes de
aprendizagem cooperativa precisam atender para serem mais úteis e darem um
suporte maior ao trabalho do mediador em cursos a distância, orientados a
projetos. Esses requisitos foram coletados após uma experiência de um ano
utilizando um ambiente de aprendizagem cooperativa, especialmente desenvolvido
para suportar um curso semipresencial de especialização em informática
educativa, desenvolvido no escopo do ProInfo [Menezes, 1999-2].
A
tecnologia de agentes está sendo usada agora no desenvolvimento de ambientes de
aprendizagem cooperativa que atendam a esses requisitos [Brito, 2000].
7.
Referências bibliográficas
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[Bruckman,1999] Bruckman,
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[Menezes, 1999-2]
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[Resnick, 1996] Resnick,
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